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A homofonia na ópera e na igreja. A ópera lírica e a ópera buffaOs florentinos criaram a ópera para aperfeiçoar a arte dramática. Em vez disso, surgiu um gênero que franceses e italianos chamam de lírico. Arte lírica no teatro é uma contradictio in adjecto, um absurdo, mas é um fato histórico. Alessandro Scarlatti (1660-1725) foi o criador dessa nova ópera. Ele escreveu em vários estilos, conforme a oportunidade o exigia. Suas óperas também são introduzidas por "sinfonias", isto é, aberturas. Mas, em vez de um trecho rápido entre dois trechos lentos, como na abertura francesa de Lully, Scarlatti cria a abertura italiana com um trecho lento entre dois trechos rápidos. É o germe da sinfonia. Scarlatti criou também a ária "melodiosa", aquela que o ouvinte guarda na memória a melodia, embora não possa cantá-la. A ópera de Scarlatti é arte essencialmente não-dramática, lírica. Scarlatti soluciona um dos mais graves problemas da música barroca: mantem-se dentro das tonalidades modernas e da separação rigorosa entre tom maior e tom menor. Antecipa os sistemas do Cravo bem Temperado, de Bach, e do Traîté d’harmonie, de Rameau. Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736), discípulo de Scarlatti, foi o criador da ópera cômica italiana, a ópera buffa. La Serva Padrona (1733) contribuiu para o aparecimento, mais tarde, da ópera cômica francesa. Giacomo Carissimi (1605-1674) foi o grande mestre no desenvolvimento do sacro oratório e da secular cantata. Embora seus oratórios sejam frequentemente dramáticos, eles eram dirigidos para a apresentação na igreja, não no teatro. Esses trabalhos, que faziam parte dos instrumentos propagandísticos da Companhia de Jesus, eram muito executados durante a Quaresma, quando a representação de óperas profanas era proibida. Alessandro Stradella (1645-1682) escreveu as primeiras cantatas de câmara e os primeiros concerti grossi. Agostino Steffani (1655-1728) ocupa a posição central entre os compositores sacros da época, com seu Stabat Mater (1724), onde as vozes dos solistas, o coro e a orquestra de cordas se alternam sucessivamente e se acompanham: é o estilo "concertante", característico de toda a música sacra do século XVIII, inclusive a de Haydn e Mozart. Antonio Lotti (1667-1740), Antonio Caldara (1670-1736) também se destacaram no século XVIII. Francesco Durante (1684-1755) fez a sincronização da música sacra com o estilo operístico de Scarlatti. Seu estilo já é o mesmo da música sacra de Haydn e Mozart. O estilo de Scarlatti sofreu resistência séria antes de ser vitorioso. Entre os conservadores, destacamos Johann Joseph Fux (1660-1741), Leonardo Leo (1694-1744) e Benedetto Marcello (1686-1739). Mas nada conseguiu impedir a vitória da homofonia. Venceu na ópera, na música sacra e na música instrumental. |